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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Exposição Missionária do Rev. Carlos Del Pino baseado em Salmo 1

   A Missão e a busca da felicidade pelo ser humano

Acúmulo de bens e riquezas, dietas, academias, cirurgias estéticas, festas, baladas, roupas, acessórios, carros, drogas, espiritualidades, adrenalina, compras e mais compras... Em resumo, todo ser humano
busca formas de encontrar a felicidade ou ao menos de vivê-la o mais intensamente possível nos poucos momentos em que a encontra. Ser uma pessoa feliz é o desejo de todos, independente de sua idade,
classe social ou lugar do mundo em que nasceu. A felicidade é a realização pessoal que todos perseguimos desde que nascemos.
Sabendo disso, o salmista nos ajuda a entender melhor esse assunto e, em suas palavras, encontramos também um significado muito especial para a missão que recebemos de Deus.
Como definir uma pessoa feliz? De acordo com o Salmo 1, uma pessoa feliz (bem-aventurada) é aquela que pauta sua vida pelo NÃO e pelo SIM. No geral, as pessoas podem entender o SIM como parte
da felicidade, podemos fazer o que queremos... Mas parece estranho que o NÃO também faça parte da felicidade, visto que cada vez mais em nossos dias a felicidade se resume na permissão para fazermos
tudo o que nos cause prazer; nada de proibições, nada de coibir minhas vontades, nada de limitar meus desejos, nada de impedir meus prazeres sensoriais. Não há espaço para o NÃO na busca atual da felicidade, há espaço somente para o SIM.
Entretanto, o Salmo começa justamente nos apresentando a felicidade humana como sendo composta tanto pelo NÃO como pelo SIM. Uma pessoa verdadeiramente feliz: “NÃO segue o conselho dos ímpios
NÃO imita a conduta dos pecadores NÃO se assenta na roda dos escarnecedores” (1.1). O exemplo dado pelo salmista de uma pessoa que elimina esse NÃO de sua vida é que ele é “como palha que o vento leva” (1.4), que “não resistirão no julgamento, nem na comunidade dos justos” (1.5) e que seu caminho inevitavelmente “leva à destruição” (1.6). Isso mostra a importância de respeitarmos os limites que Deus nos dá na busca pela felicidade.
Junto ao NÃO encontramos o SIM da pessoa feliz: “sua satisfação (felicidade) está na lei do Senhor e nessa lei medita dia e noite” (1.2). Encontramos tudo o que é necessário para uma vida plena e feliz na
Palavra de Deus, por isso a leitura, o estudo e a meditação constantes no texto bíblico é a porta de entrada para que possamos compreender que uma vida feliz não se constrói com base na adrenalina, na estética corporal ou nas compras. Antes disso, a felicidade é fruto do nosso compromisso transformador e frutificador
com Deus e com sua Palavra (Salmo 119) e pode ser vivida quando nos pautamos pelos princípios do Reino de Deus. Aí sim, a pessoa feliz é comparada à “árvore plantada à beira de águas correntes: dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham” (1.3). A verdadeira prosperidade e felicidade, então, encontramos no andamento normal da nossa vida humana, respeitando seus ciclos e recebendo do Senhor a aprovação do nosso caminhar dia a dia (1.6).
O que vemos na sociedade humana é que tanto o NÃO quanto o SIM estão completamente desvirtuados, o que distancia a suposta felicidade buscada por todos da experiência de espiritualidade cristã. Ser feliz resume, basicamente, o anseio e a busca de todos os seres humanos. Pelo pecado que há em nossa natureza humana, essa busca se manifesta de forma crescentemente depravada, levando as pessoas por caminhos destrutivos e distantes de Deus. Diante disso, vemos que a tarefa missionária, evangelizadora e pastoral da igreja encontra
na busca humana pela felicidade um caminho claro de atuação. A missão, nesse sentido, deve ser orientada em direção ao ser humano como um ser completo que anseia por ser feliz e que busca essa felicidade onde ela é passageira, externa e superficial.
Encontramos neste Salmo o respaldo necessário para apresentar o evangelho e Jesus Cristo, tal como ensinado nas Escrituras Sagradas, como a proposta concreta de uma vida realmente feliz. O evangelho
em si mesmo visa a felicidade e a realização do ser humano, levando-o a encontrar sua razão de ser e viver somente em Deus e em seu reino redentor. Como podemos ver, essa perspectiva amplia consideravelmente o
leque da missão. A missão já não pode ser vista única e meramente como a proclamação de uma mensagem que propõe à pessoa uma aceitação de Cristo como seu salvador. Além disso, a missão deve ser
compreendida e vivida como uma ação completa da igreja, à semelhança da própria ação redentora de Cristo. Devemos olhar as pessoas e nos relacionar com todas elas demonstrando o evangelho
salvador de Cristo pelo que dizemos, fazemos, propomos e vivemos.
Todos os seres humanos buscam a felicidade e, assim, nossa missão deverá sempre estar direcionada a toda a humanidade (aí está nosso verdadeiro campo missionário!) propondo-lhe necessariamente por
nossas palavras e obras a plena felicidade que encontramos em Cristo. Viver o evangelho nos leva à verdadeira felicidade, e aí está a essência da missão!


(Carlos Del Pino é pastor presbiteriano e missionário na Espanha e coordenador das Base Europa da APMT. É escritor, professor de missiologia e preletor.Fonte: http://missionews.com.br)

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